«Bem, devo começar por dizer que esse título é quase ofensivo, para mim e para os meus parceiros, é claro..», resmungou por entre uma nuvem de anéis de fumo.
Ela ficou algo atrapalhada, mas não lhes conhecia outro nome.
«Sabe, Menina, nós não roubamos nada a ninguém. Limitamo-nos a eliminar a presença física de quem já não é desejado, de forma a que todo e qualquer rasto, recordação, memória, obra ou registo desapareça para todo o sempre… e passado.»
Antes que ela tivesse oportunidade de perguntar quem tinha o direito de julgar alguém desnecessário, ele continuou:
«Veja, Menina, isto é tudo muito simples…». Nova nuvem de fumo. «Imagine que há um fulano que é casado, desenhou uma ponte e tem netos. Pois bem, decidida que esteja a sua eliminação, desaparece o tipo, a ponte, os filhos, os netos e todas as memórias, recordações e ligações ao eliminado desaparecem. Ninguém se vai lembrar dele, descendência ou obra porque, pura e simplesmente, não haverá nada nem ninguém para ser recordado.»
Ela agitou-se desconfortavelmente na cadeira, olhando em redor. O bar estava agora vazio. A sua investigação havia chegado a um ponto inesperado. Olhou em frente e deu com a expressão divertida dele:
«Agora, Menina, certamente que calcula o que vai acontecer.»
Nesse dia,«Menina» deixou de constar do Mundo dos vivos, da memória de qualquer base de dados ou ser pensante e a sua demanda pelos Ladrões de Almas ficou-se por ali nunca existiu.
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